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Eventos

Quarto Suna: acurado senso estético em favor da leveza

Por agosto 12, 2021No Comments

A proposta da OSA Arquitetos ao projetar o Quarto Suna para a CASACOR Santa Catarina 2021 era celebrar a beleza imperfeita, a impermanência da vida ao mesmo tempo em que mostra o que é essencial e leva conforto para a saúde emocional sem esquecer que a sociedade vive novos tempos. Esse conceito, alinhado ao tema da mostra – “Casa Original”, foi materializado em um espaço contemporâneo que se apoia na leveza do minimalismo japonês e na valorização das raízes culturais e da sustentabilidade para proporcionar a sensação de paz. O Quarto Suna – areia em japonês – é um local de descanso, para o corpo e para a alma, e revela o acurado senso estético da equipe do escritório blumenauense, que se destaca em sua estreia na mostra.

“A sociedade pede paz, pede calma, pede conforto, pede essência. É nesse ponto que a arquitetura pode e deve influenciar a vida das pessoas”, argumenta Martina Hasse, arquiteta coordenadora do projeto. E enfatiza: “é tempo do despertar da nossa consciência, de sustentabilidade, de empatia, sem excessos desnecessários”.

Com 60 metros quadrados, o espaço foi dividido por um grande pórtico retilíneo de bordas suaves. Multifuncional, essa estrutura setoriza o ambiente em dois usos: a área de descanso (cama e estar) e a área “prática” (sala de banho e closet). Estética, criatividade e sustentabilidade estão em evidência. O pórtico recebeu revestimento texturizado com aparência de areia – que dá nome ao espaço. Trata-se de um papel de parede líquido, produzido com materiais naturais como o algodão, a seda e as fibras de celulose, com aditivos minerais. “O material tem exatamente a aparência de areia que buscávamos, mas com toque aveludado. Une praticidade, estética e sustentabilidade, características que buscamos na arquitetura inteligente”, conta Martina. Após a mostra, o produto pode ser retirado e reaplicado, com zero desperdício.

Soluções nada efêmeras

A área de descanso é o destaque do Quarto Suna Reveev – Osvaldo Segundo & Arquitetos Associados (OSA Arquitetos), tendo a Cama Orgânica como protagonista. A peça é uma criação da equipe para a marca de colchões Reveev, patrocinadora do espaço, que já anunciou o interesse de incluir o produto em seu portfólio. Com linhas arredondadas, fluidas e estrutura revestida em tecido felpudo, a qual pode ser utilizada como assento e até como tatame para a prática de meditação, a cama recebeu tomada, iluminação balizadora e caixas de som acopladas.

A parceria rendeu inspiração especial para o teto, em ripas de madeira Tauari certificadas, em referência aos painéis japoneses Shoji, mas que também se assemelha aos antigos estrados de colchões, estrutura original de uma cama. A modulação do teto foi pensada para também ser reaproveitada após o término da mostra. O mesmo vale para a marcenaria, feita em painéis MDF com selo de certificação sustentável, paginada para ser reutilizada posteriormente. A referência oriental está também nas persianas, translúcidas, que lembram dobraduras japonesas.

De um lado da cama, a imponência da escultura formada por raízes residuais de uma árvore centenária de Imbuia; de outro, “clássicos” do design, como a poltrona Chifruda, de Sergio Rodrigues, e o abajur Snoopy, desenhado por Achille e Pier Castiglioni para a italiana Flos. Tapete de juta indiano e obra de arte de Elizabeth Jobim completam a ambientação.

Essa área do espaço também conta com o apoio de uma mesa, pensada para refeições ou para o trabalho. Cadeiras Beg, de Sergio Rodrigues, e 12 pendentes Corda, de Guilherme Wentz marcam o conjunto. Ao fundo, prateleira chanfrada em mármore Paraná levigado de nove metros de extensão parece flutuar. Sobre ela estão dispostos 40 vasos de cerâmica produzidos por uma cooperativa de 30 artesãos do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, que abriga mais de 1.000 sítios arqueológicos e é reconhecido pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade. Outra peça em destaque no espaço é a Cadeira Pesca nº 24, de Elaya Design, objeto feito em madeira maciça (Grápia) resgatada de um barco às margens do Rio Itajaí-açu com assento e encosto feitos com corda de reuso provenientes de um estaleiro de pesca de Itajaí e detalhes em couro antigo.

Na área prática, com piso em madeira Tauari, a sala de banho recebeu banheira de imersão e apoio do banco Mocho, de Sergio Rodrigues, e de prateleira baixa, onde foram dispostas dezenas de velas. O ambiente conta com louças e metais Deca com design de Jader Almeida e espelho retroiluminado pontuado pela arandela Antígone, de Waldir Junior.  Nesta face do pórtico projetado está o guarda-roupa: uma arara aberta e prática com cabideiro assinado pelo escritório. Batizado de Galho, o cabideiro é metálico, com pintura preta fosca, e apresenta formato orgânico, lembrando mesmo o galho de um árvore.

 

Sobre a OSA Arquitetos

A OSA Arquitetos atua há 20 anos com projetos de edifícios, casas e arquitetura de interiores residenciais e corporativos. Atualmente, possui escritórios em Blumenau e em Balneário Camboriú. A convite da European Cultural Centre, o escritório participou da exposição Time Space Existence durante a Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza de 2018, e em 2020 participou da London Design Festival. Em 2021, recebeu destaque na revista francesa Artravel com a publicação do projeto da Casa Bravíssima.

 

Fotos: Fabio Jr. Severo / Divulgação

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