O impacto de novos grandes empreendimentos no contexto arquitetônico e urbanístico de Porto Alegre será tema de debate entre lideranças e entidades do setor e arquitetos e urbanistas durante o seminário Olhares Sobre a Cidade, no próximo dia 7 de agosto, em Porto Alegre (RS).
O evento, que chega na terceira edição, será realizado no Memorial Luiz Carlos Prestes (Rua Edvaldo Pereira Paiva, 1527), a partir das 8h30min. O evento é uma promoção do Sindicato dos Arquitetos no Estado do RS (Saergs) com patrocínio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul (CAU/RS). O seminário Olhares Sobre a Cidade tem inscrições gratuitas e vagas limitadas. Para participar, basta entrar em contato no e-mail [email protected].
Entre os assuntos em pauta, também terão destaque a participação popular nas políticas públicas habitacionais, os novos usos do espaço urbano e as questões referentes à política de habitação de interesse social. Segundo a presidente do Saergs, Maria Teresa Peres de Souza, o encontro visa fortalecer o debate sobre as políticas de planejamento e como elas precisam estar conectadas com os interesses gerais da população. Para isso, destaca Maria Teresa, é preciso abrir espaço para a interação e à diversidade de visões, buscando a sustentabilidade social e ambiental, a inclusão social, a acessibilidade e a habitabilidade nas cidades. “É imprescindível que a relação entre a população e a classe profissional da Arquitetura e Urbanismo se fortaleça, e eventos como esse facilitam o processo. Assim, podemos avançar nas questões que atingem as camadas mais frágeis da nossa sociedade, tomando conhecimento das suas demandas com exatidão”, afirma.
Grandes empreendimentos
Entender como os projetos de grandes empreendimentos vêm sendo desenvolvidos e aprovados em Porto Alegre e os seus impactos é a tônica da palestra a ser ministrada pelo presidente do Instituto dos Arquitetos Brasil no RS (IAB-RS), o arquiteto e urbanista Rafael Passos. Segundo ele, há necessidade de compreender qual é o impacto desses empreendimentos no planejamento das cidades e se estes cumprem as regras estabelecidas no Plano Diretor. Nesse sentido, o arquiteto afirma que não há estudos ou registros que atestem que os grandes empreendimentos trazem benefícios maiores para as cidades frente aos pequenos. “Ninguém apontou se geram mais emprego e mais renda.” Porém, destaca Passos, os grandes empreendimentos têm capacidade de concentração de renda. “É isso, talvez, que está por trás desse argumento”, diz, referindo-se ao pensamento de que a economia de uma cidade é impulsionada por esses projetos. Para fomentar o debate sobre o assunto, Passos afirma que é dever dos arquitetos e urbanistas levar a discussão urbana às pessoas que não detêm conhecimentos técnicos. “A sociedade precisa compreender a influência da Arquitetura na qualidade e até no custo de vida”, ressalta.
Habitação de interesse social
Criminalizar os movimentos sociais que lutam por moradia, situação que se agrava ao longo dos últimos anos, é um desvio de foco do problema: os imóveis inabitados que contribuem para o déficit habitacional do país, que já chega a seis milhões. A afirmação é do ex-secretário de Habitação de São Paulo (SP), João Whitaker, um dos palestrantes do seminário Olhares Sobre a Cidade. O arquiteto e urbanista falará sobre o papel da recuperação e preservação de prédios desocupados para a revitalização de centros urbanos.
De acordo com Whitaker, que também é professor da Universidade de São Paulo (USP) e presidente do Programa de Pós-Graduação de Arquitetura e Urbanismo da instituição, estima-se que existam cinco milhões de imóveis desocupados no Brasil que não cumprem sua função social. “Prédios inabitados nas áreas centrais gastam dinheiro público, porque mantêm subutilizada toda a infraestrutura construída”, afirma, destacando serviços como água, esgoto e luz que ficam inativos.
Para o arquiteto, no lugar de criminalizar os movimentos sociais, é necessário que o poder público estabeleça diálogo com eles e elabore políticas públicas consistentes sobre o tema. Whitaker cita o caso dos prédios da Ocupação Baronesa, na capital gaúcha, que foram destruídos no dia 18 de julho pela Prefeitura de Porto Alegre. “Essa é a força do mercado imobiliário, que destrói prédios históricos para construir imóveis de alto padrão”, afirma.
O evento conta com o apoio da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), da Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (Abea/RS), do Instituto dos Arquitetos do RS (IAB/RS), da Associação de Arquitetos de Interiores (AAI Brasil/RS) e do Memorial Luiz Carlos Prestes.
Confira a programação completa do evento:
Manhã:
09h às 09h30 – Credenciamento
09h30 às 9h45 – Abertura
09h45 às 11h15 – Mesa 1 – Grandes empreendimentos e os impactos ambientais, sociais e urbanos, CMDUA e participação social
Palestrante: Rafael Passos
Debatedor: Hermes Puricelli
11h15 às 12h – Debate
12h às 13h – Intervalo – Almoço livre
Tarde:
13h às 14h30min – Mesa 2 – Uso do espaço urbano público
Palestrante: Adão Clóvis Martins dos Santos
Debatedor: Bruno Mello
14h30 às 15h15 – Debate
15h15 às 15h30 – Intervalo – café
15h30 às 16h45 – Mesa 3 – Habitação de Interesse Social – O papel da recuperação e preservação dos prédios desocupados para revitalização dos centros urbanos
Palestrante: João Sette Whitaker Ferreira
Debatedora: Karla Moroso
16h45 às 17h30 – Debate
17h30 às 18h15 – Conclusões e encaminhamentos finais
18h15 – Encerramento