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Destaques

Rio Grande do Sul sofre catástrofe climática histórica e profissionais se unem para auxiliar na reconstrução das cidades

Por maio 12, 2024No Comments

Profissionais, empresas e instituições ligadas ao setor da construção civil estão mobilizados para auxiliar na reconstrução das cidades afetadas pela catástrofe climática histórica no Rio Grande do Sul. Em diferentes frentes e iniciativas, arquitetos e urbanistas, engenheiros e técnicos das mais diversas áreas voluntariam-se para colaborar tanto em ações imediatas, como construção de abrigos e estruturas provisórias, como para contribuir para a garantia de moradia digna às famílias afetadas e também analisar as soluções a serem adotadas para a recuperação futura das cidades.

Instituto Cidades Responsivas lançou uma importante iniciativa para contribuir na organização futura das ações para a reconstrução das áreas afetadas pela enchente no Rio Grande do Sul. A iniciativa é de cadastramento de voluntários para agir na construção de abrigos, infraestruturas temporárias e reconstrução das cidades afetadas. Em apenas dois dias, o cadastro SOS RS já contabilizava 10.000 inscrições, entre profissionais e empresas. “Estamos dialogando com inúmeros agentes públicos, privados e do terceiro setor para montarmos um plano de ação efetivo. Temos um grupo de trabalho interno e, com os próximos desdobramentos, vamos incluir outros agentes pertinentes”, afirmou Pedro Portes, que atua em ações do planejamento e gestão urbana no Instituto Cidades Responsivas. Segundo ele, já está sendo feita articulação com agentes de municípios afetados, entidades intermunicipais e com o Governo do Estado do RS para colher informações e as demandas dos entes públicos e direcionar os voluntários aos escopos necessários. “Também vamos oferecer apoio técnico e jurídico para lidar com as questões burocráticas e auxiliar na concepção de planos eficientes”, acrescentou.

Entidades do setor, inclusive de outros estados, estão apoiando a iniciativa do Instituto Cidades Responsivas e mobilizando seus associados a integrarem o cadastro de voluntários, como, por exemplo, a AsBEA-SC. “Ao mesmo tempo que estamos mobilizados em campanhas de doações para as famílias, em solidariedade a quem foi afetado por essa calamidade, estamos dispostos, como arquitetos e urbanistas, a contribuir nas futuras ações necessárias para a reconstrução dessas áreas atingidas, com foco em planejamento e soluções eficientes para que as cidades possam estar preparadas para eventos extremos como esse que podem se tornar frequentes em virtude das mudanças climáticas que vivenciamos”, afirma o arquiteto Ronaldo Martins, presidente da AsBEA-SC. No Rio Grande do Sul, a AsBEA-RS está convocando os arquitetos membros do GT Voluntariado da entidade para uma reunião urgente nesta segunda-feira, dia 13, de forma remota. O objetivo do encontro é entender e apoiar ações de reconstrução e promover um brainstorm de como a associação pode contribuir neste momento.

O grupo denominado Reconstrução RS já integra centenas de arquitetos e engenheiros mobilizados para as mais diferentes frentes, tanto para doações como atuação voluntária para reparos e reformas e, futuramente, para coordenar projetos de reconstrução.  A organização é feita por grupos de WhatsApp específicos por região do estado gaúcho e também de outros estados. O link para cadastramento está disponível na bio do perfil @reconstrucaors. . Clique aqui para acessar o formulário. O coletivo Arquitetos Voluntários igualmente está convidando profissionais para mobilização, tanto para doação financeira, como doação de materiais e insumos e cadastramento para atuação voluntária. O foco da ação está na reconstrução de creches não governamentais. Clique aqui para acessar o formulário para cadastramento.

A cadeia produtiva da construção civil está sendo mobilizada pelo Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS). Em reunião, na semana passada, a diretoria definiu ações emergenciais e ações de reconstrução. Para essa última, foi decidido constituir grupos de trabalho junto ao Governo Federal, Estadual e municípios gaúchos, para estudos de viabilidade para reconstrução imediata da infraestrutura e construção de alojamentos provisórios. E, também, avaliar, junto ao Governo Federal, formas legais para acelerar, desburocratizar e viabilizar a construção de habitações de interesse social através do Programa Minha Casa Minha Vida nos municípios atingidos.

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul (CAU-RS) criou um comitê específico para tratar do tema. Entre os objetivos está pautar “estratégias de reconstrução e de planejamento para cidades mais resilientes e preparadas para as mudanças climáticas”, de acordo com a presidente do CAU/RS, Andréa Hamilton Ilha. A instituição solicitou autorização ao CAU-BR para isentar todas as taxas para as obras de reconstrução das cidades atingidas, assim como foi feito no episódio do ciclone que assolou o Vale do Taquari no ano passado. Além disso, o Conselho está envolvido, junto à Secretaria de Obras Públicas (SOP-RS) e a Procuradoria-Geral (PGE-RS) na elaboração do Edital de Credenciamento de Profissionais para atuar na recuperação das escolas públicas estaduais afetadas pela enchente. O Conselho oferecerá apoio técnico para a elaboração do edital e irá assegurar a eficiência e seriedade das obras de acordo com as normas vigentes. O CREA-RS também deverá ser envolvido na ação.

Para a presidente do Crea-RS, Nanci Walter, o momento é de unir esforços e, por isso, outras ações estão sendo executadas na região. Entre elas, a assinatura de termos de colaboração com as secretarias estaduais de obras públicas; habitação; logística e transportes. Em conjunto com o Confea, foi autorizada a emissão de Anotações de Responsabilidade Técnica (ARTs) sem custo para os profissionais voluntários que atuarem nos serviços técnicos nos municípios afetados, assim como nos casos específicos para o setor público, que estão envolvidos direta e indiretamente na reconstrução de rodovias, pontes (obras de arte) e outros, que envolvam as profissões abrangidas pelo Sistema Confea/Crea. “Somado a isso, o Crea-RS está oferecendo apoio e assistência às comunidades e municípios, em parceria com a Defesa Civil do Estado. São cerca de 40 agentes fiscais que, de forma voluntária, estão com os veículos oficiais dando suporte nas cidades em que o Regional possui Inspetorias”, complementou Nanci.

O Sistema Confea/Crea encaminhou ofício ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, disponibilizando o órgãos para contribuir com a reconstrução do Rio Grande do Sul, oferecendo apoio técnico essencial para restaurar as condições necessárias para a população. “…Na hora que julgar necessário, a gente consegue subsidiar o custeio de profissionais para o auxílio desse restabelecimento, montando uma força-tarefa nacional com profissionais que estejam dispostos a contribuir para essa reconstrução”, destacou o presidente Vinicius Marchese. Diversas ações já estão sendo executadas na região pelo CREA-RS, de acordo com a presidente Nanci Walter. Entre elas, a assinatura de termos de colaboração com as secretarias estaduais de obras públicas; habitação; logística e transportes.

Foi autorizada a emissão de Anotações de Responsabilidade Técnica (ARTs) sem custo para os profissionais voluntários que atuarem nos serviços técnicos nos municípios afetados, em conjunto com o Confea. O mesmo é estabelecido para casos específicos para o setor público, que estão envolvidos direta e indiretamente na reconstrução de rodovias, pontes (obras de arte) e outros, que envolvam as profissões abrangidas pelo Sistema Confea/Crea. “Somado a isso, o Crea-RS está oferecendo apoio e assistência às comunidades e municípios, em parceria com a Defesa Civil do Estado. São cerca de 40 agentes fiscais que, de forma voluntária, estão com os veículos oficiais dando suporte nas cidades em que o Regional possui Inspetorias”, complementou Nanci.

 

Resiliência urbana: desafios e soluções

Ainda que a prioridade neste momento seja a de auxílio às famílias atingidas pelas enchentes, especialistas já apontam alguns caminhos para a futura reconstrução das cidades afetadas. Na última sexta-feira, dia 10 de maio, o CAU/BR definiu algumas ações como a elaboração de um projeto estratégico de Assistência Técnica de Interesse Público. Essa proposta envolve o cadastro de profissionais da arquitetura que poderão avaliar estruturalmente as residências afetadas, após as águas baixarem, para o retorno das famílias às suas casas. “As edificações precisarão ser classificadas com um olhar técnico como habitáveis, necessitando de reforma ou totalmente destruídas. A ideia é ter o edital pronto para ser lançado imediatamente”, destacou Patrícia Sarquis Herden, presidente do CAU-BR. Outra iniciativa é a elaboração da “Carta dos Prefeitos”, com indicativos de como tratar a sustentabilidade das cidades.

“Eventos extremos como esse são um lembrete contundente da urgência de fortalecer a resiliência das nossas cidades diante das mudanças climáticas”, destacou Patrícia durante o debate on-line Resiliência Urbana: Desafios Frente às Adversidades Climáticas, realizado no mesmo dia, com especialistas na área. Segundo ela, é importante identificar estratégias eficazes para mitigar os riscos, promover a adaptação, e construir cidades mais seguras e sustentáveis. “É hora de unir esforços, compartilhar conhecimento e agir de forma decisiva para enfrentar os desafios climáticos que estão diante de nós. Juntos, podemos transformar as adversidades em oportunidades e construir um futuro mais resilientes para todos”, complementou. O debate está disponível na íntegra na página do CAU-BR no YouTube. Clique aqui para acessar.

O Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), no manifesto publicado nas suas redes sociais, reforça a importância da indústria e da sociedade civil agirem de forma sistemática para mitigar as emissões que contribuem para o aquecimento global. E destaca, como crucial, atribuir a mesma importância à elaboração e à disseminação de estratégias para nos adaptarmos a essas mudanças. “Isso implica repensar como construímos casas, edifícios e infraestruturas urbanas, e como preparamos as comunidades para enfrentar emergências. Precisamos urgentemente mapear áreas de risco e entender como os eventos climáticos extremos podem impactar cidades. Devemos adequar normas técnicas de projeto e desenvolver soluções inovadoras viáveis. Não é possível que continuem sendo construídos edifícios e infraestruturas urbanas sem considerar que o clima está mudando. Além disso, é essencial envolver todos os membros da sociedade nesse processo. Fóruns locais dedicados ao tema podem contribuir para conscientização e engajamento”, reforça a entidade no seu manifesto.

 

Mapa das enchentes: dados como base para decisões

Dados divulgados pela Defesa Civil no dia 11 de maio revelam que as enchentes atingiram 446 dos 497 municípios gaúchos, afetando 2.115.416 pessoas. Destas, 537.380 estão desalojadas, 81.043 estão em abrigos temporários, 806 ficaram feridas e 136 pessoas perderam suas vidas. Há o registro, ainda, de 125 pessoas desaparecidas. A estimativa é de que 242 mil domicílios tenham sido afetados pelas enchentes somente na Região Metropolitana de Porto Alegre, conforme levantamento apresentado no  “Repositório de informações geográficas para suporte à decisão – Rio Grande do Sul 2024, site criado na última semana por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), principalmente do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH), do Instituto de Geociências (Igeo) e da Faculdade de Arquitetura (FAUFRGS), com o apoio de pesquisadores voluntários e colaboradores de outras unidades e instituições.

A página contempla informações da Região Metropolitana de Porto Alegre, do Vale do Taquari, do Vale dos Sinos e da Região Sul do estado, com mapas para o público em geral e mapas para acesso avançado, além de bancos de dados e análises. As informações oferecidas são de extrema importância para os tomadores de decisão na gestão da crise, tendo em vista a coordenação de ações não só neste momento, mas para ações futuras, como destaca Iporã Possanti, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos, um dos editores do site. Os dados obtidos via satélite são cruzados com outras informações, como o censo, obtendo análises sobre domicílios impactados, área atingida e número de pessoas afetadas.

 

Saiba como participar:

SOS RS : voluntariado para reconstrução
Instituto Cidades Responsivas
Clique aqui e acesse o formulário

Arquitetos voluntários
Clique aqui e acesse o formulário

Reconstrução RS
Clique aqui e acesse o formulário

Sinduscon-RS
Doações para os abrigos
CHAVE PIX: Associação Sul Riograndense da Construção Civil
CNPJ: 92.973.718/0001-82

Debate Resiliência urbana: desafios e soluções – CAU/BR
Clique aqui para assistir

 

Atualizada em 13.05.2024

IMPORTANTE:
Esta matéria estará em constante atualização. Se você desejar contribuir com a informação de iniciativas do setor da construção civil em favor das vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, entre em contato conosco pelo e-mail [email protected]

 

Foto destaque:
CANOAS, RS, BRASIL, 06.05.2024 –
Ação do Corpo de Bombeiros no bairro Mathias Velho em Canoas.
Foto: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

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