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O que é brasileiro num móvel é a alma, não são os elementos

Por maio 12, 2017No Comments

Com a frase do arquiteto e designer Sergio Rodrigues, que dá título a esta matéria, a jornalista Letícia Wilson deu início ao bate-papo “O valor do design brasileiro”, realizado no dia 6 de maio na Design Business Fair, em Florianópolis. Os convidados representavam quem cria, quem produz e quem especifica o design: o designer Bruno Faucz, a decoradora e designer de interiores Karla Silva, e a arquiteta e empresária Marcia Maurano, franqueada Saccaro em Florianópolis.

“Eu tive o privilégio de entrevistar Sergio Rodrigues aqui na cidade, em 2010, e perguntei a ele o que, afinal, era ‘brasileiro’ num móvel. E ele respondeu, prontamente: ‘é a alma, não os elementos’. E ele estava completamente certo”, disse Letícia, editora da revista ÁREA, apresentando uma imagem da Poltrona Mole, que completa 60 anos – primeiro ícone do ‘criador do móvel moderno no Brasil’. A intenção foi traçar um paralelo entre a criação da Mole e o valor que ela agregou ao longo dos tempos, desde que conquistou o Concurso Internacional do Móvel em 1961, em Cantú, na Itália, desbancando 400 concorrentes. Sergio Rodrigues morreu em setembro de 2014, aos 86 anos, deixando um legado de 1,6 mil criações – 100 delas ainda em produção, pela LinBrasil. Clique aqui e confira a entrevista com Sergio Rodrigues na edição 5 da revista ÁREA.

“Concordo com Sergio Rodrigues, é mesmo a alma”, disse Bruno Faucz, uma das principais expressões do design brasileiro na atualidade. “Sou muito crítico com os meus desenhos, e procuro sempre encantar primeiro a mim mesmo. Se eu não estiver convencido, ninguém vai se interessar”, afirmou. Com apenas quatro anos de estúdio próprio, Bruno já apresentou seus móveis em exposições internacionais e tem sido referência em todas as publicações especializadas, incluindo o livro “Design Brasileiro de Móveis: Cadeiras, Poltronas, Bancos”, organizado por Marcelo Vasconcelos e Zanini de Zanine, que traz 190 peças, de 60 designers, produzidas entre 1928 e 2013. Atualmente, desenha para Saccaro, Butze Móveis, Moora Mobília Brasileira, Tissot, e outras indústrias brasileiras. A experiência anterior, de sete anos no ‘chão de fábrica’, garantiu ao designer o conhecimento de todas as etapas e possibilidades de produção, fundamental para a adequação dos projetos. “Esse processo tem muito de artesanal. De nada adianta a indústria ter as melhores máquinas, se não houver as mãos de pessoas talentosas por trás”, complementou.

E, aproveitando o tema do processo artesanal na fabricação do móvel, Letícia apresentou o vídeo institucional da Saccaro, comemorativo aos 70 anos da indústria, que expressa a filosofia do grupo de valorização das pessoas. Na sequência, Marcia Maurano contou um pouco da história da marca, falou sobre os 30 anos de design autoral e apresentou os outros designers que assinam peças Saccaro, além de Bruno Faucz, como Roque Frizzo, Flávia Pagotti, Tina e Lui, Zanini de Zanine, Guto Indio da Costa. “Na loja, o cliente quer saber a história por trás do móvel, os materiais utilizados, quem o projetou, como ele foi fabricado”, disse ela, que soma uma trajetória de 15 anos na Saccaro, iniciando como vendedora, passando a gerente e, há nove anos, como franqueada na capital catarinense. Grande parte desses clientes comparece na loja acompanhado de um arquiteto ou decorador, que especifica os móveis da marca para o projeto, segundo Marcia. “Eles contribuem muito para o entendimento do cliente sobre o valor do móvel e o quanto ele irá agregar ao projeto”, destacou.

A decoradora Karla Silva falou a seguir sobre o processo de compreensão dos clientes a respeito das soluções e dos móveis indicados pelo escritório para os projetos. “A maioria dos clientes não pede diretamente o móvel de design brasileiro, mas quando mostramos as peças nas lojas, eles se apaixonam imediatamente”, contou Karla, que atua há 16 anos no mercado de luxo e soma mais de uma centena de projetos.  Para ela, o móvel de design, assim como o tapete persa, é um investimento, uma aposta para toda a vida, por gerações – e é isso que transmite aos seus clientes, em relação ao valor do design brasileiro. “É como a Poltrona Mole, de Sergio Rodrigues. Vemos famílias em São Paulo com peças que têm 30, 40 anos”, reforçou.

A Design Business Fair foi realizada de 3 a 7 de maio, no Jurerê Sports Center, em Florianópolis. Realizada pelo Centro de Design Catarina, essa foi a primeira feira do setor realizada no Estado. A revista ÁREA é uma das apoiadoras do evento.

Confira as fotos do bate-papo promovido pela ÁREA:

(crédito: Euclydes da Cunha Neto | Divulgação DBF)

 

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