Acostumados a se reunir a cada três semanas para desenhar nas ruas da cidade, os participantes do movimento Urban Sketchers Florianópolis tiveram de buscar uma alternativa para usar seus lápis e cadernos depois da ameaça do Covid-19. Assim, decidiram realizar eventos virtuais. No próximo sábado, dia 18 de abril, acontecerá a segunda edição neste formato, seguindo as orientações das autoridades de saúde e da própria organização Urban Sketchers, que é um movimento mundial.
A primeira edição em modo virtual aconteceu no dia 4 de abril, reunindo cerca de 50 participantes. O encontro foi dedicado à memória do artista plástico Daniel Azulay, que faleceu no dia 27 de março, aos 72 anos, após ter contraído Covid-19 durante uma internação para tratamento de leucemia. Azulay ficou famoso na década de 1980 pelo seu programa infantil na TV no qual ensinava a prática do desenho.
“É a primeira vez que realizamos um encontro com essa proposta, já que, claro, é a primeira vez que passamos por algo semelhante. Tínhamos duas opções: cancelar ou inovar”, explica a roteirista e designer Nathália Hiendicke, uma das organizadoras. Para viabilizar o encontro, o grupo criou um evento no Facebook para convidar os interessados. Como de costume, os participantes desenham durante duas horas; mas, ao final do encontro, postam os resultados no grupo. “É uma alternativa à nossa ‘exposichão’, mas desta vez virtual”, explica Nathália, referindo-se ao final das sessões em que as obras são colocadas no chão para que todos possam vê-las.
Experiência
Sem poder sair de casa, participantes já estavam retratando ambientes da casa e vistas da janela, sem depender dos encontros. “Eu continuo a desenhar em casa em vez de dar uma pausa durante o isolamento porque é uma forma de me manter ocupada e também de manter o espírito ligado ao desenho, à arte e à cor. É uma vontade de estar sempre em busca de algo para representar”, explica Maria Esmênia, professora universitária aposentada.
Nathália Hiendicke analisa que, diante dessa situação inesperada, é interessante quando a possibilidade de “novo ângulo” fica dentro da nossa própria casa. “Muitas pessoas relataram que esse período de quarentena é um terreno fértil para o autoconhecimento, descobrimento e aprimoramento de habilidades”, acrescenta.
“Quando desenhamos na rua, geralmente focamos na arquitetura do entorno, por isso, escolher o que retratar em casa foi mais difícil”, declara a designer Ana Tuyama, cuja família tem outros cinco integrantes também amantes dos sketches. Por outro lado, ela conta que essa experiência contribuiu para reforçar o laço familiar. “Quando nos vimos isolados pela quarentena, pensei que reunir a família on-line seria algo legal. Foi nesse momento que conseguimos nos reunir para desenhar e bater papo aliviando o clima tenso vivido no momento”, complementa.
Serviço
54º encontro Urban Sketchers Florianópolis: Desenhe em Casa
Sábado, 18 de abril, das 15h às 17h
Gratuito, aberto a pessoas de qualquer idade e nível de desenho.
Clique aqui para conferir as regras de participação.