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Destaques

Florianópolis vai ganhar parque urbano e marina na região central da cidade

Por outubro 2, 2018outubro 25th, 2021No Comments

A iniciativa de criação do Parque Urbano e Marina Beira-mar Norte em Florianópolis avançou em decisiva etapa nos últimos dias. Após dois anos de tramitação na Câmara de Vereadores, o projeto de lei que autorizou a cessão de uso de área pública para construção do equipamento foi aprovado e foi sancionado pelo prefeito Gean Loureiro no dia 26 de setembro.

O Parque Urbano e Marina será implantado na Avenida Rubens de Arruda Ramos – Beira Mar Norte, onde hoje encontra-se a Praça de Portugal, estendendo-se 350 mil m² até a Praça do Sesquicentenário. O projeto prevê a cessão de uso, por 30 anos prorrogáveis por mais 30,  da área, sendo 123 mil metros quadrados na orla para o parque urbano e 179 mil metros quadrados de espelho d’água privado. A marina será protegida por um quebra-mar e terá píer flutuantes para comportar 624 vagas privadas (de 120 a 40 pés) e 60 vagas públicas (de 40 a 30 pés), além de um píer para embarcações de transporte marítimo.

Trata-se de uma parceria público-privada e todos os investimentos e despesas para construção, operação e manutenção serão de responsabilidade da empresa concessionária. A empresa terá de obter ainda as licenças ambientais, bem como custos de instalação de aterros, obras de drenagem, diques de proteção e obras de modificação do sistema viário, necessárias para a adequação do empreendimento à região.

A ideia

O interesse da Prefeitura de Florianópolis pela construção de um parque urbano e marina na avenida Beira-mar Norte é de longa data. Os trabalhos foram iniciados em 2015, quando um grupo de trabalho criado especialmente para este projeto realizou visitas técnicas à Marina Itajaí e à Marina Tedesco, em Balneário Camboriú (SC).

Ficou definido que a concepção do projeto se daria por meio de um Plano de Manifestação de Interesse (PMI), que teria como base o proposto pelo termo de referência destinado ao processo licitatório, em uma parceria público-privada. O PMI foi lançado em novembro de 2015. Cinco empresas manifestaram interesse; quatro estavam habilitadas e duas apresentaram propostas, em junho de 2016:  ARK7 Arquitetos Associados e Florianópolis no Mar-AJX e Karolyne Soares.

Na elaboração do edital e do termo de referência, foram usados os estudos doados pela FloripAmanhã sobre o ordenamento náutico e o material intitulado ‘Floripa de Frente pro Mar, Resgate da Orla’, além do material doado pela Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF), que apresentou aspectos que indicam, por exemplo, que o local escolhido para receber a estrutura era adequado. O grupo técnico que compôs o material realizou visitas técnicas nas marinas de Itajaí e Balneário Camboriú. Além disso, foi apresentado o conceito e a ilustração de como poderia ser o projeto, com sua área compreendida, ao Ministério Público Estadual e Federal, ICMBio, Fatma, Capitania dos Portos, SPU, CGU, AGU, para que estes pudessem ser ouvidos e ter o conhecimento prévio do que estava sendo planejado e proposto.

As propostas

As propostas apresentadas foram detalhadas a entidades técnicas convidadas para participar do processo de sua análise, de forma consultiva. Elas foram selecionadas de acordo com os eixos que seriam avaliados: urbanístico, jurídico, náutico, econômico e de inovação e tecnologia. Dentre os convidados para efetuar a análise estiveram o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA/SC), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SC), o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (CREA/SC), a Associação Náutica Catarinense para o Brasil (Acatmar), o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e a Fundação CERTI, do Sapiens Parque.

As propostas também foram analisadas por uma equipe formada por detentores de notório saber, que prestariam consultoria e suporte para o exame dos projetos: Amyr Klink, com experiência no setor náutico; Jaime Lerner, do meio urbanístico; Nelson Ronnie dos Santos, superintendente do BRDE, que opinaria na parte de economia; e José Eduardo Azevedo Fiates, diretor executivo do Sapiens Parque, opinando em relação à inovação e tecnologia.

Após a análise do grupo técnico e dos consultores de notório saber, a ARK7 Arquitetos obteve a maior pontuação no estudo preliminar arquitetônico e urbanístico e no de viabilidade econômico e financeiro. Já a AJX & Karolyne Soares pontou mais nos estudos de territorialidade, impacto simplificado, diagnóstico ambiental e nos aspectos legais. A Prefeitura de Florianópolis colocou os seis produtos que compõem os estudos realizados para o projeto Parque Urbano e Marina na Beira-mar Norte em consulta pública, recebendo contribuições entre agosto e novembro de 2016. Clique aqui e acesse.

O projeto arquitetônico e urbanístico

“A avenida Beira-mar já é um grande parque linear da cidade. Já existe um fluxo grande de pessoas e concentração de atividades nesta área. E este grande parque associado à marina estará reforçando essa vocação e ampliando as possibilidades de uso deste lugar, pois estamos implementando com muitas outras atividades, principalmente para a prática de esportes e para eventos coletivos”, afirma a arquiteta e urbanista Juliana Castro, da JA8 Arquitetura e Paisagem, que integrou a equipe multidisciplinar da proposta vencedora da ARK 7 Arquitetos.

O desenvolvimento do projeto foi pautado por meio de diretrizes que tiveram como objetivo a busca por um desenho mais sustentável para o parque urbano e marina. “Sustentabilidade abarca diversas áreas, como entorno, eficiência energética, uso racional de água, materiais e recursos, qualidade ambiental interna e aspectos sociais e econômicos. Para cada uma deles foram estabelecidas estratégias de ação que foram consideradas relevantes de serem incorporadas ao projeto, relativas ao tipo, características e uso, usuários e contexto”, explica o engenheiro Olavo Kucker Arantes, da Dux Arquitetura & Engenharia Bioclimática, que prestou consultoria em conforto ambiental e sustentabilidade para o projeto da ARK 7 Arquitetos.

A implantação do projeto previu também estratégias para incentivo ao transporte alternativo, manutenção do grau de permeabilidade do solo, redução do efeito de ilha de calor e redução da poluição de luz. Terminal para embarque/desembarque de embarcações a ser usado também pelo sistema de transporte marítimo local, integração ao transporte coletivo e reformulação da ciclovia existente para integração ao parque foram previstos no projeto.

Para garantir um bom sistema de drenagem, mantendo o encaminhamento natural das águas, um grande espelho de água foi proposto, proporcionando também uma importante área de lazer em contato com o mar. “Essa área permitirá a prática de atividades aquáticas, como stand up, pedalinho e caiaques, servindo como uma importante arena para incentivar esse lazer na água”, complementa Juliana Castro. O molhe de pedras em paralelo à terra que protege toda a área de estacionamento de barcos da marina servirá de ponto de integração para as tradicionais competições de remo que acontecem na cidade, a partir do clube existente sob a ponte Hercílio Luz.

Em outra porção do parque, serão instaladas áreas para a prática de skate, de patinação, além de estações de ginástica, playground inclusivo e espelho d’água lúdico. “Teremos espaços de estar em menor e maior escala, permitindo o uso desse espaço para os eventos tradicionais da cidade, como shows, reveillon e, também, para feiras náuticas, por exemplo”, acrescenta Juliana.

Grandes áreas de vegetação, grama, pisos permeáveis, coberturas vegetadas e passeios sombreados com paisagismo estão contempladas. “Estamos valorizando a vegetação da Mata Atlântica, que compõe a vegetação dos morros de Florianópolis, plantas que são nativas, que terão florações alternadas. Será muito rico”, detalha a arquiteta.

Áreas de sol e sombra foram previstas, para atender as diferentes especificidades do clima da região ao longo do ano. “O desenho das edificações foi também pautado por meio de premissas de desenho bioclimático. As envoltórias das edificações foram pensadas em termos de eficiência energética para atender ao Programa Brasileiro de Etiquetagem no Nível A, conciliando o contexto onde está incorporado o projeto, de forma a manter visuais externos e permitir um menor impacto na paisagem”, explica Olavo. Paredes, coberturas e vidros de alto desempenho foram especificados, assim como a incorporação de módulos fotovoltaicos nas coberturas para geração de energia renovável no local. O projeto também prevê sistemas de coleta de água da chuva nas lajes das principais edificações.

 

Confira as imagens do projeto na galeria a seguir:

 

 

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