Um espaço exclusivo para a capacitação e incentivo à carreira de arquitetos e urbanistas recém-formados. Essa é a proposta do Atelier 1901, incubadora inaugurada há dois meses em Curitiba (PR), por iniciativa dos arquitetos Ismael Gustavo Zanardini e Thatiane Botto de Barros, sócios do Studio BaZa Arquitetura e Interiores.
Ismael é professor na disciplina de Arquitetura de Interiores nos cursos de graduação e pós-graduação em arquitetura e urbanismo na PUC-PR há oito anos e acompanha de perto os dilemas dos seus ex-alunos depois de formados. Muitos o procuram depois da graduação com a mesma incerteza sobre futuro na carreira. “Vários buscam cursos de especialização para não ficarem parados ou defasados, mas isso não garante a tão sonhada colocação no mercado de trabalho”, comenta.
Com o objetivo de reunir esses profissionais em um espaço que transcende a ideia de coworking, o Atelier 1901 não só disponibiliza espaços individuais para o trabalho, mas, também, busca colaborar na capacitação dos recém-formados por meio da prática projetual, com o apoio de arquitetos mais experientes e uma rede de parceiros técnicos e artísticos. E, também, como um hub de captação de projetos por meio de parcerias público-privadas.
A permanência do recém-formado na incubadora é de até dois anos. Depois disso, espera-se que ele tenha se desenvolvido como profissional e possa buscar oportunidades como autônomo, com um escritório próprio, ou como associado em escritórios de arquitetura. São oferecidos planos para período integral e meio período, entre outras opções. Os interessados em participar devem se cadastrar pelo site www.atelier1901.com.br.
O Atelier 1901 está localizado na rua Voluntários da Pátria, 400, no décimo nono andar de um edifício quase centenário, no centro da capital paranaense, com vista da Praça Osório. O espaço tem 200 metros quadrados, com capacidade para receber até 60 profissionais em dois turnos. São 30 posições de trabalho, divididas em mesas compartilhadas que se integram à perspectiva de planos limpos e ambientes neutros.
Um grande painel ao fundo, assinado pelo artista e arquiteto Rômulo Lass, reproduz, em azulejos, a geografia da praça em frente ao edifício. Nas paredes, obras do também artista plástico e arquiteto Erwin Zaidowicz Neto destacam-se na decoração, que ainda traz esculturas do artista plástico catarinense Luciano Blanck.
A ideia
A ideia do Atelier 1901 surgiu a partir de uma inquietação de Ismael e Thatiane. Formados pela PUC-PR em 2009, ambos tiveram dificuldades de encontrar emprego na área no primeiro ano como arquitetos. “Foram cinco meses angustiantes”, revela Ismael, que buscou oportunidades em diversos escritórios, mas sem sucesso, o que o fez pensar em abrir mão da profissão e arriscar outras áreas. Isso só não aconteceu porque logo teve oportunidade em um escritório que buscava novos profissionais no mercado. “Não são todos os lugares que apostam em recém-formados, dando oportunidade de desenvolverem suas habilidades. Tive sorte”, conta.
Como em outras áreas, mesmo que o aluno tenha acumulado estágios ao longo do curso, isso não significa que ele sairá empregado ao final da graduação. Além disso, tanto o estágio como a graduação não qualificam o aluno para uma realidade comum na arquitetura, a abertura do próprio escritório, por exemplo. “Saímos da graduação inseguros e inexperientes, sem ter ideia de como nos colocarmos no mercado com autonomia”, comenta Thatiane.
Foi pensando nesses aspectos que Ismael e Thatiane conceberam a ideia do Atelier 1901, com o objetivo de não só capacitar, mas também tornar os arquitetos recém-formados aptos para se colocarem no mercado de trabalho com maior segurança. “O que queremos é dar autonomia para esses profissionais. Queremos que se destaquem nos projetos que venham a realizar”, salienta Ismael.
Oportunidade de negócios
O Atelier 1901 também se propõe a ser um hub de captação de projetos por meio de parcerias público-privadas. “Somos uma comunidade, um espaço de colaboração e de troca de experiências entre recém-formados em Arquitetura e Urbanismo e outros profissionais com o objetivo de capacitar esses novos profissionais em um lugar em que eles possam se desenvolver e se consolidar nesse início de carreira, sem medo de errar”, destaca Ismael Zanardini.
A intenção é que, como centralizador de projetos, o Atelier 1901 selecionará possibilidades para seu público interno, isto é, os novos arquitetos. Cada projeto é apresentado para o grupo e os arquitetos interessados em desenvolvê-lo devem fazer um estudo preliminar, individual ou colaborativamente. “Finalizada essa etapa, o cliente é chamado ao Atelier para que os arquitetos apresentem suas propostas. Dessa forma, o cliente tem diferentes ideias e concepções a sua frente para escolher uma para execução. Quando escolhida a melhor proposta, cabe ao arquiteto ou arquiteta responsável estabelecer o orçamento, fechar o contrato e executar o projeto, tudo com o respaldo dos nossos parceiros”, explica Ismael.
Ainda, além da colaboração e apoio dos idealizadores, o Atelier 1901 também proporciona a troca de experiências com arquitetos e urbanistas conceituados, bem como mentorias “on demand” de acordo com os interesses individuais ou coletivos do grupo. O espaço também firmou parcerias com grandes empresas e fornecedores para dar suporte aos projetos. Até o momento, são 26 parceiros de diferentes segmentos aliados da iniciativa. São eles: Grupo Adamus, Ardonié Ambientes, Bigfer, Cebrace, Coral, Marcenaria Daysi Design, Decorea, Flor e Ser Planta, Hard Clean, Hettich, Hidroforma, JVN, Mannala, Maniacs Brewing Co., Monofloor, Momentum & Design, Ner Casa de Luz, O Bicho Carpinteiro, Pine Smart Home, Rocha & Barros Advogados Associados, STM Empreendimentos, Squadro, Tintas Verginia; além dos artistas Erwin Zaidowicz, Luciano Blanck e Rômulo Lass.
Fotos: Eduardo Macarios | Divulgação
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