
O Governo do Estado do Paraná confirmou esta semana que a cidade de Foz do Iguaçu receberá a primeira unidade satélite do renomado museu de arte francês Centre Pompidou. O Centro Pompidou Paraná será construído em um terreno cedido pela CCR Aeroportos, ao lado do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu, com previsão de inauguração em 2027.
A oficialização da parceria com a instituição, uma das mais prestigiadas no mundo das artes moderna e contemporânea, foi confirmada nesta quarta-feira (28.05), em Paris, pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior e o presidente da instituição, Laurent Le Bon. “Hoje é um dia histórico, com o anúncio oficial da vinda do Centro Pompidou à cidade de Foz do Iguaçu. Será uma grande oportunidade de trazer grandes exposições ao Paraná, colocando o Estado no circuito internacional de museus”, afirmou Ratinho Junior. “O Centro Pompidou está entre os cinco maiores museus do planeta e a unidade do Paraná será a primeira no hemisfério Sul. É um marco que coloca Foz do Iguaçu, e o Paraná como um todo, no mapa da cultura mundial”. O Governo do Estado confirmou o investimento de R$ 200 milhões na construção do museu.
O ato marca uma nova etapa na parceria firmada em 2022 e reconhece Foz do Iguaçu como parte da estratégia internacional do Pompidou, que mantém unidades em cidades como Málaga (Espanha), Bruxelas (Bélgica), Xangai (China), Alula (Arábia Saudita) e, em breve, Seul (Coreia do Sul). Desde 2022, o Governo do Paraná já conta com apoio técnico da equipe francesa, que atua como consultora no desenvolvimento do conceito curatorial e arquitetônico do espaço. O plano de trabalho envolve também a estruturação das ações educativas, com foco na formação de públicos, professores e profissionais da cultura.
Fiel ao espírito do Centre Pompidou de Paris, inaugurado em 1977, o novo espaço no Paraná terá uma programação multidisciplinar que inclui exposições de arte moderna e contemporânea, apresentações cênicas, festivais, ciclos de cinema, conferências e residências artísticas. A proposta é destacar a produção artística da América Latina e valorizar o dinamismo cultural da Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. A localização, próxima às Cataratas do Iguaçu – uma das Sete Maravilhas Naturais do Mundo e Patrimônio da Humanidade reconhecido pela Unesco – reforça o potencial turístico e simbólico do projeto.
A expectativa é que o público brasileiro tenha acesso a uma parte do acervo do Centre Pompidou, que reúne cerca de 140 mil obras de arte moderna e contemporânea, além de mostras que dialoguem com a produção cultural latino-americana e de outros países do Sul Global. “Nossa intenção é que o Centre Pompidou Paraná seja um ponto de encontro: para estudantes das nossas escolas públicas, para artistas em formação e em consolidação, para visitantes do mundo inteiro e, sobretudo, para quem acredita que a arte é uma ferramenta de transformação social”, define Carolina Loch, diretora de implantação do Centro Pompidou Paraná.

Arquitetura: museu natural
O projeto arquitetônico está a cargo do arquiteto paraguaio Solano Benítez, reconhecido mundialmente pelo uso criativo de materiais sustentáveis. Premiado com o Leão de Ouro da Bienal de Veneza em 2016, Benítez propõe uma construção que se integre ao território e valorize soluções de baixo impacto ambiental. Centro Pompidou Paraná contará com uma praça pública, salas de exposição, áreas para espetáculos, ateliês educativos, biblioteca de pesquisa, laboratórios artísticos, loja e restaurante. A expectativa é de que o projeto final seja apresentado no segundo semestre de 2025, quando também deve ocorrer a licitação para definir a empresa responsável pela execução das obras.
O arquiteto propõe um projeto com base em materiais simples, como o tijolo, produzido com a terra de Foz do Iguaçu – e que pode inclusive ser extraído da própria área onde ele será construído – capaz de dialogar com a paisagem local e com a experiência cotidiana da população. O museu será construído com um sistema que une tijolos romanos e concreto armado, combinando técnicas ancestrais com soluções industriais modernas.
A concepção da arquitetura do museu se baseia em uma pele de painéis de tijolo, que concentra as circulações verticais e horizontais, envolve os principais espaços do museu e cria um microclima artificial no interior do edifício. Para o arquiteto, a sustentabilidade não está apenas nos certificados construtivos ou no uso de determinados insumos. Está, acima de tudo, na forma como se pensa a construção. “Se a gente quer falar de sustentabilidade de verdade, é preciso olhar para as arquiteturas indígenas. Elas têm séculos de sabedoria acumulada e lidam com o ambiente de maneira muito mais respeitosa”, diz. A arquitetura do museu utiliza, pela primeira vez em maior escala, estratégias e técnicas construtivas desenvolvidas por Benítez no contexto local do Paraguai, como a pré-fabricação de módulos de alvenaria e o uso de painéis de tijolo como fôrma para a estrutura de concreto.
Outro fator levado em consideração é a localização geográfica do museu, ao lado do Parque Nacional do Iguaçu. O projeto integra e incorpora a mata resiliente – que nasce espontaneamente no terreno do museu – ao espaço do edifício, propondo um paisagismo integrado ao percurso do visitante e aos programas públicos no nível térreo.
O projeto terá características bastante singulares, tendo a arquitetura em si como atrativo, assim como o prédio disruptivo e “high tech” do Pompidou em Paris, mas acima de tudo será palco para conexões culturais, conforme Carolina Loch, diretora de implantação do Centro Pompidou Paraná. “Nas últimas semanas estamos ouvindo a sociedade de Foz do Iguaçu e região para construir um museu que pertence às pessoas, que reflete suas histórias e atende suas necessidades. Estar próximo à população é fundamental para garantir que esse espaço seja vivo, plural e conectado”, explica.
Com informações do Governo do Paraná e da Paraná Projetos .
Fotos: Jonathan Campos / AEN / Governo do Paraná