Integrar gastronomia, arte, arquitetura, música, instalações e experiências em um restaurante conceito a ser instalado em uma edificação que antes abrigava um antiquário. Essa foi a missão assumida pelas arquitetas Amanda Sayuri e Clara Machado, que estão à frente da Sayuri Machado Arquitetura, para concepção do projeto do Noma Sushi Bar, que abriu as portas na última semana, no centro da capital catarinense. Requisitos como conforto, descontração e elementos que estimulassem os sentidos e causassem surpresa deveriam ser atendidos para o novo empreendimento. “Ficamos bastante contentes, pois o imóvel em questão era um local que amávamos e frequentávamos, a Mercato Art, um antiquário e galeria de arte. O espaço era um grande galpão com uma área aberta nos fundos”, diz Clara Machado.
O local, de 122 m², apresenta um layout que soluciona todas as questões práticas de um restaurante: cozinha, área de serviço e atendimento. De acordo com a arquiteta Amanda Sayuri, a ideia sempre foi manter a “alma” da Mercato Art, que atuava na valorização dos artistas locais. “Propusemos transformar aquela galeria num lugar de encontro, tendo a gastronomia como um dos elementos para que os clientes tenham bons momentos. Recorremos a referências da Street Art, imprimindo um conceito que chamamos carinhosamente de “Japa Contemporâneo Industrial”, destaca.
Elementos já existentes do local foram apropriados, possibilitando a continuidade da história da construção. Foram mantidos os tijolos aparentes, toda a cobertura de madeira, os tacos e as partes em cimento queimado do chão, fruto das reformas anteriores na galeria. No teto, a iluminação principal, feita por uma composição de lustres do século passado, reformados pelo Fábio Gerevine, antigo dono da Mercato, também foram conservados.
Arte por todos os lados
E foi exatamente com o intuito de manter a alma do endereço é que as arquitetas convidaram alguns artistas para mergulhar o empreendimento no universo das artes plásticas. “A fachada cega criada para esconder a cozinha, tornou-se uma grande tela, na qual o artista Paulo Govêa, criou uma grande gueixa com traços contemporâneos”, destaca Clara Machado. As características do trabalho do artista também podem ser conferidas ao longo do empreendimento, com obras expostas nas paredes do salão principal, que levam o cliente até um dos espaços mais disputados do Noma: o Beco. “Brifamos o Paulo de que queríamos um beco de Tokyo e então ele, junto com vários artistas de Street Art, grafitou toda a área externa criando um ambiente descontraído, inusitado, alegre e repleto de arte”, completa.
Um outro destaque é a instalação instalação da artista plástica Bela Teixeira que reveste todas as paredes e teto do hall de entrada, uma obra da série Abstrato Supernova, onde a artista trabalha com tinta neon que brilha quando exposta à luz negra. “É uma indicação de que se está entrando num mundo diferente, uma nova experiência para todos os sentidos”, afirma Amanda Sayuri. O artista Julian Gallasch também está presente no projeto do Noma Sushi, dois grandes quadros foram pintados nas portas do banheiros, comprovando que todo lugar é lugar para a arte. Ela acrescenta ainda que “para a experiência de vivenciar o conceito do Noma ser completa e valorizar ainda mais as obras selecionadas, investimos em automação na iluminação e sonorização. Quando a madrugada se aproxima, as luzes começam a piscar ao som da música e o agito começa”.
“O Noma Sushi é a cara do nosso escritório, sim. Mas também é a cara do nosso cliente. É a cara dos artistas que participaram: é um pouco de Paulo Govêa, de Bela Teixeira e de Julian Gallasch. É muito do Fábio Gerevine (Mercato Art), que atuou como curador nas obras que estão hoje expostas no Noma”, afirmam as arquitetas .
Fotos: Acervo Sayuri Machado Arquitetura