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Destaques

Arquitetos lançam livro com olhares sobre o Guaíba, principal cartão-postal de Porto Alegre

Por junho 13, 2020No Comments

“Cidade feita de rio” é o título do livro lançado como produto do projeto cultural realizado pela Smart – Arquitetura para a vida Contemporânea. A publicação reúne 112 imagens do Guaíba, principal cartão-postal da cidade de Porto Alegre, e textos com o olhar dos fotógrafos sobre as suas águas, o entorno e a sua importância para a capital gaúcha. As fotografias poderão ser conhecidas a partir do dia 18 de junho, na exposição virtual que será realizada por meio da plataforma do Instagram @cidadefeitaderio.

As imagens são assinadas pelos fotógrafos convidados Achutti, Fabiano Benedetti, Henrique Amaral, Letícia Remião, Nilton Santolin, Raul Krebs, Marcelo Nunes e Ricardo Fabrello, e outros 32 fotógrafos escolhidos a partir do concurso cultural. No total, mais de 700 fotografias foram inscritas pelo site criado especialmente para o projeto. Entre os selecionados, estavam moradores da capital, do interior, de outros estados e até de outros países. “Gente tão diversa, trazendo imagens tão inspiradoras, que foi necessário convocar um conselho editorial para a seleção”, conta o arquiteto Márcio Carvalho, sócio-fundador da Smart ao lado do arquiteto Ricardo Ruschel.

O conjunto de imagens revela o impacto do Guaíba na paisagem urbana e o cotidiano no entorno dele. “São imagens que vão muito além do pôr do sol, mostrando a vida que acontece à beira e dentro dele”, diz a jornalista e escritora Cláudia Aragón, autora do projeto editorial e editora de Cidade Feita de Rio. A prática da navegação, as pontes, a poluição, a fauna e a flora, o contexto urbano, a Orla Moacyr Scliar, as atividades econômicas e as de lazer estão retratadas nas fotografias.

O objetivo da iniciativa foi mostrar a “poesia do Guaíba” e sua importância na identidade porto-alegrense: “Nós, como arquitetos, curadores, nos preocupamos com a paisagem da cidade, um legado que deixaremos para as próximas gerações. Acreditamos que, de forma coletiva e colaborativa, podemos incentivar um novo olhar e reforçar que não somos apenas uma cidade de frente para o rio, e, sim, uma cidade feita de rio. Esse rio que é a nossa gênese, o nosso território e a nossa utopia”, comenta Márcio Carvalho. O projeto Cidade Feita de Rio conta com o apoio da Unisinos.

 

Venda e ação social

O primeiro lote do livro “Cidade feita de rio”, com 100 exemplares, será doado para a instituição social Aldeia da Fraternidade, de Porto Alegre (RS), que fará a comercialização dos exemplares. O valor arrecadado será investido na educação e na assistência das crianças e adolescentes, em vulnerabilidade social, atendidos na instituição. Desde a sua fundação, há 57 anos, 13 mil crianças e adolescentes já foram atendidas. Os demais 200 exemplares desta edição também serão doados para geração de receita de outras entidades beneficentes que estão sendo analisadas.

Para adquirir o livro é necessário realizar uma doação para a Aldeia da Fraternidade por meio do link www.aldeiadafraternidade.org.br/livrocidadefeitaderio a partir do dia 18 de junho. O preço do exemplar é R$ 199,00.

 

Guaíba é rio ou lago?

O Guaíba tem uma área de 496 quilômetros quadrados, banhando as cidades gaúchas de Porto Alegre, Guaíba, Barra do Ribeiro e Viamão. Ele é formado pelas águas dos rios Jacuí (84,6%), dos Sinos (7,5%), Caí (5,2%) e Gravataí (2,7%); e também recebe as águas dos arroios situados às suas margens. Tem uma bacia de acumulação de água com capacidade de 1,5 bilhão de metros cúbicos, com extensão de 50 quilômetros – entre o Delta do Jacuí e a Lagoa dos Patos. A profundidade média é de dois metros, atingindo cerca de 12 metros no canal de navegação, com largura variando entre 1 e 20 quilômetros.

De suas águas, desembarcaram os primeiros 60 casais de portugueses, vindos da Ilha de Açores, em 1752, que deram início ao povoamento da região. Eles foram trazidos por meio do Tratado de Madri para se instalarem nas Missões, região do Noroeste do Rio Grande do Sul, que estava sendo entregue ao governo português em troca da Colônia de Sacramento, nas margens do Rio da Prata, conforme dados oficiais. A demarcação dessas terras demorou e os açorianos permaneceram no então chamado Porto de Viamão, primeira denominação de Porto Alegre. Esse fato histórico inspirou a denominação de Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais quando a cidade foi oficialmente fundada, em 26 de março de 1772.

O Guaíba – nome de origem tupi guarani que significa “encontro das águas” – é, oficialmente, um lago, conforme classificação adotada pelo Governo do Estado do Rio do Grande do Sul em 1998, quando instituiu, por decreto, o Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba. A definição baseia-se em suas características de retenção das águas, ausência de canal hidroviário e tipo de depósito sedimentar, entre outras. Documentos históricos e artigos científicos também reforçam a conceituação do Guaíba como lago. Dentre eles, o artigo “A designação do Guaíba“, escrito em 1976 por Carlos Alfredo Azevedo Oliveira, então professor do Departamento de Geografia do Instituto de Geociências da UFRGS, reeditado, em 2009, pelo Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul.

Contudo, historicamente, o Guaíba é considerado um rio pela maioria dos porto-alegrenses e, também, por especialistas que argumentam, entre outras razões, a existência de correnteza, citando vazão média típica de rios. Outro debate importante, mais recente, refere-se às consequências legais em relação à denominação de lago ou de rio, considerando os aspectos urbanísticos envolvidos. Isto porque, conforme a legislação ambiental, a preservação das margens seria de 500 metros para o caso de rio e de 30 metros para lago. O tema foi alvo de debate promovido pela seccional gaúcha do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/RS) em 2016 e repercutiu com o artigo publicado pelo então presidente da entidade, o arquiteto e urbanista Tiago Holzmann da Silvana imprensa local.

 

 

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